O advogado do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, busca desvincular seu cliente dos atos golpistas de 8 de janeiro e do plano para matar o presidente Lula, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou os interrogatórios dos oito acusados de integrarem o chamado “núcleo crucial” da trama golpista. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, sendo o primeiro a se manifestar.
Na tentativa de isentar Bolsonaro de medidas concretas para dar um golpe durante seu mandato e evitar a posse de Lula, o advogado adotou a estratégia de defesa de que o ex-presidente pode até ter discutido uma minuta de golpe, mas nunca deu alguma ordem para colocá-lo em vigor. No entanto, ministros do STF acreditam que as tratativas e discussão da minuta do golpe já configuram um crime contra o Estado Democrático de Direito.
Ao questionar Mauro Cid sobre a adoção de medidas incentivadoras dos ataques golpistas de 8 de janeiro, a resposta foi de que o Palácio do Planalto não tomou qualquer ato para incentivar a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes. O advogado também buscou distanciar Bolsonaro dos planos mais radicais de militares que o apoiavam, questionando se em algum momento conversaram sobre os Planos Copa 22 e Punhal Verde Amarelo, sendo o primeiro a anulação das eleições e o segundo, o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Dentro da estratégia de defesa adotada, a busca é por mostrar que Bolsonaro não teve participação ativa nos atos golpistas e que as conversas sobre os planos mais extremos não envolveram o ex-presidente. A defesa procura enfatizar que Bolsonaro sempre teve como grande preocupação a possibilidade de fraude nas urnas, mas sem relação com ações antidemocráticas. A polêmica em torno das acusações de participação em tentativas de golpe segue sendo debatida e investigada pelo STF.
Vilardi tenta justificar a inocência de Bolsonaro ao alegar que ele não teria dado qualquer ordem para colocar em prática um suposto decreto do golpe, apesar das discussões sobre o tema. A estratégia adotada pela defesa visa desvincular o ex-presidente dos atos e planos que foram objeto de investigação pelas autoridades competentes. O desfecho desse caso polêmico ainda está por vir, com o desenrolar dos interrogatórios e análises das provas apresentadas. É um momento de grande tensão política no país, com desdobramentos incertos e de grande repercussão nacional.